quarta-feira, 7 de maio de 2014

Capítulo 7


Quando o papai chegou em casa, a mamãe o lembrou de que dia era hoje, com certeza, pois não fazia o gênero do meu pai vir logo me abraçando e me dando 20 pratas depois de outro dia "cansativo e perturbador" de trabalho, como ele sempre diz. A Alison apareceu na minha porta às sete com dois ingressos na mão, usando um vestido azul, quase preto, suas pulseiras de sempre, o cabelo azul e roxo amarrado de lado e jogado sobre o ombro, e as botas pretas, porém essas eram de cano curto e com salto fino.
Eu levantei uma sobrancelha quando abri a porta, mas ela estava com um sorriso muito animado no rosto e eu logo entendi o que era. Me virei para os meus pais que assistiam a algo na TV.
– Mãe, pai, posso ir a um show com a Alison?
– Que horas vão voltar? - minha mãe perguntou.
– Às dez, senhora Dale. - Alison respondeu.
– Vocês vão sozinhas? - foi a vez do meu pai.
– É, mas é aqui perto e eu vou levar o celular.
– Tudo bem - mamãe disse -, mas não exite em ligar se precisar de uma carona.
Assenti e peguei meu casaco, deixado jogado na poltrona umas horas atrás. Fechei a porta, com um embrulho esquisito no estômago de nervoso. Eu nunca tinha ido a um show, mas com certeza já fui a festas. Não era a mesma coisa, eu sabia, mas mesmo assim, eu queria experimentar, era o meu aniversário e me acovardar no quarto não parecia a melhor opção. Enfiei meus braços nas mangas do casaco, já saindo do hotel quando lembrei do colár e resolvi escondê-lo dentro da blusa.
– Eu to bem pra ir nesse lugar? - fiz uma careta receosa. Ainda usava a blusa branca de manga longa, calça jeans azul escuro e as botas de inverno felpudas.
– Você tá ótima. - respondeu com um sorriso - Tenho dinheiro pra pagar o táxi de ida, mas a volta vai ser preocupante.
– Sem problemas, o presente do meu pai paga a volta.
– Quanto ele te deu?
– O bastante pra achar que eu fiquei feliz com isso. - respondi, tomando ar pra não parecer magoada.
– Pão duro. - ela acusou.
– Esquece. - sacudi a cabeça - Onde é?
– No Garden.
– Show de quem? - eu quis saber.
– Simple Plan. - arregalei meus olhos e ela sorriu, travessa.
Quando chegamos ao Garden, o lugar estava lotado por pessoas aglomeradas de todas as idades. Haviam do lado de fora gente ainda fazendo fila pra comprar ingressos ou tentando arrumar um de graça e outros do mercado negro vendendo por preços mais baixos. Descemos do táxi, na fila pra entrada haviam fãs com cartazes ansiosos para mostrá-los, como se houvesse a mínima chance da banda ver pelo menos metade deles. E depois de minutos passados nós atravessamos um corredor escuro de lona preta, protegido por guardas bem armados. Entregamos nossos ingressos para um homem e finalmente entramos.
O show ainda não tinha começado, porém pessoas já gritavam animadas à espera da banda, pulando e levantando suas homenagens em cartolinas enormes. Alison e eu nos esprememos entre toda a gente pra chegar mais perto, mas quanto mais próximas do palco estávamos mais agitadas as pessoas ficavam, então conseguimos apenas continuar no centro.
– Não é melhor você ligar pra sua mãe pra avisar que chegamos? - Alison aconselhou.
– Não, com toda essa multidão gritando ela nem vai conseguir me ouvir. - respondi no ouvido dela pra enfatizar.
Às sete e meia o Simple Plan subiu ao palco e a minha calmaria toda foi embora, o embrulho no meu estômago de nervoso antes se esvaiu ao ouvir o solo de guitarra na introdução e meu corpo entrou em adrenalina. Comecei a pular no ritmo da música e até me permiti gritar um pouco. Eu conhecia aquele som. Jet Lag. A sensação era eletrizante, eles não eram exatamente meus ídolos, mas eu conhecia algumas de suas músicas e poder curtir assim, ao vivo, era bem diferente do que escutar no mp3 do celular. Seria um aniversário para nunca mais esquecer.
Depois de duas horas inteiras de show eu já estava completamente suada e exausta, olhei no visor do celular e percebi que havia quebrado o prazo pra chegar em casa.
Alison me guiou até a saída, já que as pessoas estavam todas indo na mesma direção e se você não se orientasse poderia acabar se perdendo ali. Do lado de fora ela tratou de procurar um taxista que já não estivesse levando alguém. Eu olhei ao redor, tratando de manter os olhos abertos até chegar em minha cama quando me deparei com uma figura feminina ao longe, usando um vestido de época, ela estava do outro lado da rua e gesticulava, como se estivesse me chamando e sorria. Seus cabelos eram negros, lisos, sua pele branca como o vestido que usava e se não fossem por seus olhos azuis, ela seria exatamente como eu. Esfreguei as têmporas,
a fim de tentar acreditar nos meus olhos, mas de qualquer forma não confiaria naquela aparição, pois só sua presença me causava um arrepio gelado na nuca descendo por toda a espinha.
Fiquei ali, sem ação, engolindo em seco, provavelmente com a expressão de pânico quando pulei, assustada ao sentir que Alison tocava meu ombro.
– Você tá bem? Parece que viu um fantasma. - ela brincou.
– To... - gaguejei. Olhei novamente para onde a mulher de branco me chamava agora pouco, mas ela não estava mais lá - Eu to bem! - forcei um sorriso.
– Ótimo, nós temos que ir, sua mãe deve estar preocupada.

E aí? O que acharam? #medo kkk
Tá menor que o anterior, mas o próximo, prometo, será gigante! ;)
Beijoos
Respostas *--*

2 comentários:

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 renata massa