terça-feira, 3 de outubro de 2017

Esmeralda - Prólogo


Luzes coloridas passavam como um borrão pela mente de Luciano, pensando agora ele nem lembra mais quais as cores das mesmas. Só recorda a música, as pessoas cantando, batendo tambores, os bandolins, risos, bebidas, alegria, e ela...
Ele estava ali para distrair a cabeça, beber um pouco e ficar com seus amigos, esquecer os problemas, apenas. Mas lá estava ela, em frente à fogueira, no centro da multidão, usando uma saia longa que rodopiava sem parar, rebolando, dançando com graça e maestria encantava todos ao redor, como se bastasse seu sorriso para dar alegria aos demais. Parecia viajar, flutuar enquanto valsava ao som dos bandolins, corpo suado, a silhueta se ondulando para rodopiar outra vez. Cabelos negros como a noite, compridos até o quadril, emoldurava seu rosto alegre.
Luciano ficou ali, rendendo-se ao que via, observando como ela não dançava para agradar, apenas para se soltar, parecendo expressar pelo corpo o que ouvia. Cigana.
A palavra lhe soou na mente, mas não sentia que o termo era adequado, o sorriso da menina era tão singelo que se fazia inocente. Porém, ele não deixou de se sentir seduzido por isso. E então ela pareceu sentir que ele o encarava e, dentre todos os presentes que assistiam, olhou diretamente para ele.
E, ao contrário de todas as expectativas que ele pudesse ter, ela sorriu, respirando fundo e passou a apresentar certa timidez em seus movimentos, como se a partir dali, dançasse especialmente para ele. Sorrindo, ela continuou a sedução, até que, exausta, desapareceu com um senhor idoso que parecia ser seu pai.
Luciano sentiu uma inquietação no peito, querendo saber para onde iria, quem era, como era. Qualquer informação que o ajudasse a ver aquela mulher outra vez lhe valia ouro.
- É a filha do artesão na aldeia - sussurrou Bruno, seu amigo, ao notar a clara confusão no rosto de Luciano -, se chama Esmeralda.
- Você a conhece?

Bruno sorriu.
- Todos a conhecem, está sempre nas festividades, acompanhada de seu pai. Mas ninguém nunca chega perto dela.
- Mas por quê? O pai é ciumento?
- Não, o pai dela é um homem bondoso, sempre ajuda como pode a todos os necessitados. O problema é a mãe, que não quer que a filha se case com um pobretão feito nós. - suspirou frustrado - É linda, não é?
- Preciso conhecê-la, Bruno. Preciso.

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